domingo, 21 de outubro de 2012

Entrevista: Cena da Baixada entrevista Lucas Silveira.

Nos dias 12 e 13 desse mês, a banda Fresno voltou à cidade de Santos e fizeram shows especiais na Tribal Club. Antes do primeiro show, a "Cena da Baixada" bateu um papo com o Lucas Silveira sobre antigas experiências do grupo na cidade, novos rumos no meio independente, álbum novo que sairá em novembro e outras coisas. Confira a entrevista a seguir:

CB: Como é Santos e região para a banda? Vocês já pensavam em vir à cidade quando moravam em Porto Alegre?

Lucas: Foi provavelmente a segunda cidade que a gente tocou em São Paulo. Sempre que a gente vinha aqui (no estado de São Paulo) nas primeiras vezes em 2004, fazíamos São Paulo (capital) e tentávamos encaixar alguma outra cidade, tinha algo lá no interior, mas o litoral sempre esteve na lista.
A segunda vez que viemos para São Paulo já tinha um show agendado para Santos. O Fabrício do Garage Fuzz fazia alguns shows numa casa grandona (Mythos). Abrimos Garage Fuzz e Street Bulldogs, bandas muito mais velhas, mais tradicionais que a gente. Estávamos começando. Foi animal.
CB: E você escuta bastante Garage Fuzz, não é?
Lucas: Com certeza. Já escutei muito. Baixei um dia desses o disco ao vivo deles no iTunes. Já ouvi muito e curto. Às vezes eu me pego ouvindo coisas mais antigas. Tem muita coisa aqui da Baixada que é boa demais.


CB: Entre 2007 e 2008 rolaram dois shows seguidos da Fresno em Santos que os produtores não foram honestos com vocês. Isso mudou de alguma forma a visão da banda sobre a cidade?
Lucas: Têm cidades que são as melhores do mundo, e às vezes gente dá azar de ter um produtor ruim. Às vezes acontecem essas coisas e para você ver, eu nem lembrava que tinha sido em Santos.
Não marcou muito, marca quando o show é bom. Fizemos shows muito bons na Capital (Disco) e agora estamos com esse projeto de dois shows menores (público) aqui, mas faremos uma apresentação grande com setlists diferentes.
CB: Quando vocês assinaram com a Universal/Arsenal rolava um papo de que não tinha mais para onde a banda crescer no independente. Agora que vocês voltaram pro independente, até onde podem ir?
Lucas: O independente não é a questão, e sim o underground. O underground tem um teto. Não é porque a gente voltou a ser independente que a gente voltou a ser underground. Isso é um termo que as pessoas vão confundir pra sempre.
O Calypso é independente, o Natiruts é independente. São bandas que conseguem verba para fazer coisas muito grandes. A gente também é independente e fazemos coisas muito grandes, estamos sempre na tv. Agora com o lançamento do disco estaremos em tudo quanto é canto. Sim, uma banda independente, mas não tem nada a ver com um grupo underground, que usa meios totalmente alternativos de divulgação, que hoje seria a internet e alguma coisa de rua. O underground tem um alcance que já foi muito alto, quando rolou uma confusão do que estava ficando grande, porque as pessoas começaram a crescer junto com a internet, olhar muito as coisas que tinham lá.  Acontece que essa cena que existia e havia uma união de bandas que realmente estavam crescendo, ou elas (bandas) estouraram, viraram mainstream, ou sumiram.
Eu não consigo ver hoje pelo menos no nosso segmento de rock, rock alternativo, bandas que estão surgindo. Porque ou elas já surgem com empresário, com uma mentalidade meio mercantil demais, ou elas ficam fadadas a tocar no gueto, com um som até mais alternativo que não teria lugar no mainstream.
CB: Eu vi que o novo álbum vai vir com músicas muito orquestradas e tal. Como será reproduzido ao vivo? No sample ou a banda será aumentada? Conte um pouco sobre o trabalho do álbum em geral.
Lucas: Quem ouvir o disco vai prestar atenção logo de cara para o peso do CD. Ele está bem pesado no sentido do instrumental mesmo.
CB: Chegaram a mudar a afinação?
Lucas: A mesma coisa de sempre. Têm músicas em Dó, Ré Bemol e Ré. A gente chegou a usar coisas com afinação normal para que eu pudesse cantar rasgando a voz, mais agudo.
Está pesado, mas eu procurei não seguir a linha do pesado que estava no Cemitério (das boas intenções), que era uma coisa mais sisuda, mais de braveza, que na época a gente tinha. Hoje a gente procurou aliar essa coisa violenta a uma coisa mais bonita, por isso que a música que abre o disco e a que fecha são umas "cavalisses", mas tem orquestração no meio. Isso tudo vai pro sample. O Mário vai fazer muitas das frases de orquestra, no teclado. Ele cobre muitas coisas no show, o baixo sai de lá.
A gente está muito ansioso para saber o que as pessoas vão achar. Ele (o disco) está mais Fresno do que nunca. Eu que produzi, gravamos sem nenhuma influencia de fora. Está muito livre. Não consigo achar um som que está parecido com isso no Brasil. Não está parecido com Muse, não está parecido com Anberlin, não está parecido com nada.
CB: Tem um pouco de Ciano nele?
Lucas: Tem um pouco de Ciano porque eu voltei a fazer as composições sozinho. Os discos que o Tavares fez, foram justamente os dois depois do Ciano. Mesmo ele não compondo todas as músicas comigo, elas tiveram uma cara um pouco diferente. E também pela Arsenal, termos gravado no Midas. A fase que a gente estava, estávamos querendo fazer músicas de algum jeito ou outro. Por ser mais livre, tem um formato mais a ver com o Ciano, músicas que lembram, eu tenho certeza. Mas ao mesmo tempo quando eu fui fazer o Ciano, eu não sabia tocar piano, não sabia praticamente nada de harmonia musical mais complexa. Eu tento aplicar isso pra não ficar naqueles acordes muito normais.
CB: Fale um pouco do show do Anberlin em 2013. Vai rolar algo do Fresno ou Beeshop, ou vão aparecer só para ver os amigos? Já escutou o novo cd deles?
Lucas: Ainda não ouvi o disco. A produtora que está trazendo o Anberlin é a mesma que trouxe da outra vez, e tivemos um desentendimento por besteira com eles (produtora). O Anberlin sabe que somos responsáveis por existir uma quantidade suficiente de fãs para trazê-los para o Brasil, e eu comentei isso. Daí eu comentei isso, e quando o cara viu ele achou que eu estava desmerecendo o trabalho dele de trazer os caras e brigou com a gente. Mas é óbvio que eu vou estar lá, vai ter eles e Dashboard (Confessional). Quero rever os caras e dar um rolê com eles (risos).

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